terça-feira, 17 de julho de 2012

Eu tava só, sozinho... Mais solitário que um paulistano



Outro dia eu estava voltando pra casa de metrô e puff, a bateria do meu celular acabou. Fiquei brava, porque né? Ficar incomunicável hoje é muito tenso. Você começa a pensar em todas as merdas (ops) que podem acontecer e que você não vai poder avisar ninguém por estar sem celular. Pensa também em todos os baphos e novos cortes na Seleção Feminina de Vôlei que você não ficará sabendo, porque ninguém vai ter como te avisar. Mas o fato é: estava sem bateria no celular enquanto voltava pra casa no metrô, portanto, não tinha nada para fazer a não ser olhar para os lados. E foi o que eu fiz...

Fiquei chocada (de verdade) ao reparar que 99% das pessoas ao meu redor estava olhando pro celular e o 1% que sobrou estava dormindo. Foi estranho olhar para aquelas pessoas sabendo que eu fazia como elas todos os dias e que alguém podia estar me analisando também. Vi que algumas jogavam joguinhos, apertavam freneticamente a tela (ou o teclado) do celular enquanto mexiam o corpo para acompanhar o movimento do bonequinho/carrinho/sei lá do jogo. Outras digitavam rápido, nervosas... Deviam estar em uma DR por sms, no mínimo. Algumas ainda davam risada, faziam caras. E eu pensei que devo fazer a mesma coisa quando estou com o celular na mão.

Mas, de todas as coisas que eu reparei, uma era comum entre todas as pessoas: nenhuma olhava para o lado (nem para frente, nem para trás). Não sei se o motivo deles era não ver gente feia (KKKKKK), não sei se era evitar a consciência da merda que é ter que usar o transporte público de São Paulo, não sei se era por pura distração... Mas ninguém parou um segundo para olhar ao redor. E, quando eu desci do metrô, vi que as pessoas continuavam no celular. Os pés iam sozinhos pelo caminho já familiar entre uma estação e a outra. Nem para frente as pessoas olharam. Fiquei imaginando se alguém resolvesse mudar uma pilastra de lugar o desastre que ia ser KKKKKKKKK

Eu não estou dizendo que não faço isso, porque faço. E faço todos os dias. Sabe... É que prefiro não reparar nas outras 3846326489 mil pessoas que me amassam na estação Pinheiros e que atrasam a minha vida lerdeando nas passarelas entre a Paulista e a Consolação. Porque se eu parar e olhar, acho que desisto de ir. Desisto de verdade.

É muito bonito dizer que as pessoas hoje em dia não se olham mais nos olhos, não enxergam mais a alma umas das outras... É muito bonito dizer que perdemos a oportunidade de achar o amor da nossa vida cruzando a esquina, porque estamos com a face enfiada no celular, ou preocupados demais olhando para nós mesmos. É lindo ler aqueles textos que refletem sobre como andar em São Paulo hoje é ser anônimo, é ser ninguém, é estar solitário em plena Sé às 6h da tarde. E tem aqueles que dizem que as pessoas são tontas porque reclamam da solidão, quando não movem um dedo (ou um olho... rs) para saírem dela.

Ah, que lindeza, tudo muito bonito de ver!

Agora... Bota esse povo poético no metrô, quero ver se eles vão sair olhando para as pessoas ao redor e amando todo mundo. Quero ver se vão sair por aí no trem procurando o amor da vida, a tampa da panela, o remédio para a solidão. Vamos combinar que não rola. Portanto, não me venham com poemas, com histórias, com lindas filosofias de vida. Se teve uma coisa que eu descobri estando sem bateria no celular é que... hm... É melhor lembrar de carregar da próxima vez.

Peace, love and bateria...
Kah

Título: Telegrama, Zeca Baleiro. Em homenagem a Marisabel, aka minha mãe <3

2 comentários:

Dani N. disse...

Espero que as pessoas que fazem a tv minuto não leiam esse texto, porque eu curto muito ver as noticias kkkkkkk e de prestar atenção nas conversas (quando tem) ao meu redor

Ana Carol disse...

Ahh pensei num comentário mtu maldoso. Mas como sou politicamente correta. Vou te falar isto pessoalmente.
Bjs