Outro dia eu estava voltando pra
casa de metrô e puff, a bateria do meu celular acabou. Fiquei brava, porque né?
Ficar incomunicável hoje é muito tenso. Você começa a pensar em todas as merdas
(ops) que podem acontecer e que você não vai poder avisar ninguém por estar sem
celular. Pensa também em todos os baphos e novos cortes na Seleção Feminina de
Vôlei que você não ficará sabendo, porque ninguém vai ter como te avisar. Mas o
fato é: estava sem bateria no celular enquanto voltava pra casa no metrô,
portanto, não tinha nada para fazer a não ser olhar para os lados. E foi o que
eu fiz...
Fiquei chocada (de verdade) ao
reparar que 99% das pessoas ao meu redor estava olhando pro celular e o 1% que
sobrou estava dormindo. Foi estranho olhar para aquelas pessoas sabendo que eu
fazia como elas todos os dias e que alguém podia estar me analisando também. Vi
que algumas jogavam joguinhos, apertavam freneticamente a tela (ou o teclado)
do celular enquanto mexiam o corpo para acompanhar o movimento do
bonequinho/carrinho/sei lá do jogo. Outras digitavam rápido, nervosas... Deviam
estar em uma DR por sms, no mínimo. Algumas ainda davam risada, faziam caras. E
eu pensei que devo fazer a mesma coisa quando estou com o celular na mão.
Mas, de todas as coisas que eu
reparei, uma era comum entre todas as pessoas: nenhuma olhava para o lado (nem para
frente, nem para trás). Não sei se o motivo deles era não ver gente feia
(KKKKKK), não sei se era evitar a consciência da merda que é ter que usar o
transporte público de São Paulo, não sei se era por pura distração... Mas
ninguém parou um segundo para olhar ao redor. E, quando eu desci do metrô, vi que
as pessoas continuavam no celular. Os pés iam sozinhos pelo caminho já familiar
entre uma estação e a outra. Nem para frente as pessoas olharam. Fiquei
imaginando se alguém resolvesse mudar uma pilastra de lugar o desastre que ia
ser KKKKKKKKK
Eu não estou dizendo que não faço
isso, porque faço. E faço todos os dias. Sabe... É que prefiro não reparar nas
outras 3846326489 mil pessoas que me amassam na estação Pinheiros e que atrasam
a minha vida lerdeando nas passarelas entre a Paulista e a Consolação. Porque
se eu parar e olhar, acho que desisto de ir. Desisto de verdade.
É muito bonito dizer que as
pessoas hoje em dia não se olham mais nos olhos, não enxergam mais a alma umas das outras... É muito bonito dizer que perdemos a oportunidade de achar o amor da
nossa vida cruzando a esquina, porque estamos com a face enfiada no celular, ou
preocupados demais olhando para nós mesmos. É lindo ler aqueles textos que
refletem sobre como andar em São Paulo hoje é ser anônimo, é ser ninguém, é
estar solitário em plena Sé às 6h da tarde. E tem aqueles que dizem que as
pessoas são tontas porque reclamam da solidão, quando não movem um dedo (ou um
olho... rs) para saírem dela.
Ah, que lindeza, tudo muito bonito de ver!
Ah, que lindeza, tudo muito bonito de ver!
Agora... Bota esse povo poético
no metrô, quero ver se eles vão sair olhando para as pessoas ao redor e amando
todo mundo. Quero ver se vão sair por aí no trem procurando o amor da vida, a
tampa da panela, o remédio para a solidão. Vamos combinar que não rola. Portanto,
não me venham com poemas, com histórias, com lindas filosofias de vida. Se teve
uma coisa que eu descobri estando sem bateria no celular é que... hm... É
melhor lembrar de carregar da próxima vez.
Peace, love and bateria...
Kah
Título: Telegrama, Zeca Baleiro. Em homenagem a Marisabel, aka minha mãe <3
2 comentários:
Espero que as pessoas que fazem a tv minuto não leiam esse texto, porque eu curto muito ver as noticias kkkkkkk e de prestar atenção nas conversas (quando tem) ao meu redor
Ahh pensei num comentário mtu maldoso. Mas como sou politicamente correta. Vou te falar isto pessoalmente.
Bjs
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