sábado, 23 de março de 2013

eu sou melhor que você?

bom... sei que todo mundo aqui sabe quem é Marco Feliciano e sei também que todo mundo aqui deve saber qual é a minha opinião sobre o ser em questão. depois que a merda foi feita e esse espécime de homo sapiens que nada sapiens foi eleito para representar as minorias do nosso país, é que a gente foi parar pra pensar na coisa toda... não quero entrar aqui no mérito político da questão, mas vamos parar pra analisar só uma coisa, prometo que é rápida... será que se a gente soubesse votar esse homem seria nomeado ao cargo que hoje ocupa? quem será que foram as pessoas que o elegeram Deputado Estadual, meu Deus? não precisa responder, é só pra pensar mesmo...

pra ser bem sincera, não sei o que um "ser humano" desses consegue viver consigo mesmo. é muita hipocrisia ele ser representante dos Direitos Humanos quando nem ser humano ele sabe. não vou entrar na discussão das declarações que ele deu, porque acredito a nao valha à pena. mas gente, pelo amor de deus, esse cara tem o discurso de Hitler! pra ele negros são amaldiçoados, nasceram sem sorte, sei lá que porra mais ele disse sobre isso. só sei que NÃO TEM CABIMENTO, afinal ele representa OS DIREITOS HUMANOS E AS MINORIAS.

e o que mais me irrita é que esse imbecil usa o nome de Deus pra justificar todo esse discurso... gente... como pode? meu Deus não é esse.

vou parar por aqui, me faltam palavras pra falar de Marco Feliciano. o que eu sei é que ele NÃO me representa, ele não representa Deus, ele nem mesmo se representa... espero que esse cara seja um exemplo a todos os eleitores brasileiros, espero que a gente se lembre da merda que é ter esse infeliz como Deputado Federal e presidente de uma comissão extremamente importante... e eu espero que a gente não repita o mesmo erro.

deixo vocês com uma música SENSACIONAL escrita por Maurício Pacheco e cantada por Moreno Veloso. vale a pena ver o vídeo a seguir:


Eu Sou Melhor Que Você

Todo mundo acha que pode, acha que é pop, acha que é poeta 

Todo mundo tem razão, vence sempre e na hora certa 
Todo mundo prova sempre pra si mesmo que não há derrota 
Todo homem tem voz grossa e tem pau grande e é maior do que o meu, do que o seu, do que o de todos nós

Todo mundo é referência e se compara só pra ver que é melhor 
Todo mundo é mais bonito do que eu mas eu sou mais que todos 
Todo mundo tem suingue, é feliz, é forte e sabe sambar 
Todos querem, mas não podem admitir a coexistência do orgulho e do amor porque 
Eu sou melhor que você

Eu sou melhor que você mas por favor fique comigo que eu não tenho mais ninguém 

Todo mundo diz que sabe e quando diz que não sabe é porque 
é charmoso não saber algo que as pessoas já sabem como é 
Todo mundo é original, é especial, é o que todos queriam ser 
Não basta ser inteligente, tem que ser mais do que o outro pra ele te reconhecer 

Todo mundo ganha grana pra dizer que ela não vale nada 
Todo mundo diz que é contra a violência e sempre dá porrada 
Todos querem se apaixonar sem se arriscar, nem se expor e nem sofrer 
Todas querem vida fácil sem ser puta e com reputação 
se reprimem e começam a dizer 

Eu sou melhor que você 
Mas por favor fique comigo que eu não tenho mais ninguém

Peace and love, porque precisamos...
Kah

terça-feira, 19 de março de 2013

So close, no matter how far



Hoje faz dois anos... Dois anos da realização de um sonho. Dois anos do melhor show da minha vida. Sim, porque foi no dia 19 de março de 2011 que eu consegui perceber que estava em um show da Shakira. Apesar de eu já ter ido ao de Porto Alegre no dia 15, foi no dia 19 que eu senti o peso da realização desse sonho... E hoje, depois de dois anos, eu ainda não sei explicar o que isso representou pra mim.

Na realidade foi um conjunto de momentos... Foi esperar pela confirmação dos shows, foi surtar com a data, guardar o dinheito, comprar o ingresso, ficar na fila, fazer amigos... Foi ser a primeira a entrar no Morumbi, esperar shows intermináveis acabarem (alô Ziggy Marley), foi tremer com Wegue Wegue, foi gritar quando tudo ficou escuro...

Na verdade foi mais do que isso... Ali, há dois anos, o filme de quase uma vida passava pela minha cabeça... Cada pequeno surto, cada foto, cada música, cada letra, prêmio, entrevista e boato. Passava pela minha cabeça toda a mudança que a Shakira trouxe pra minha vida e a consciência de que amá-la me fez uma pessoa completamente diferente.

Há dois anos eu olhei nos olhos dela e ela olhou nos meus... E nós duas dividimos um momento que só quem ama entende. Há dois anos eu senti o quanto era mágico ser fã e percebi que não precisava de mais nada, porque tinha a plena consciência de que aquilo ali era um sonho realizado. E pra mim isso já bastava (mal sabia eu...).

Há dois anos eu olhava para os lados e via muitos rostos conhecidos... Via pessoas que, como eu, tinham sonhado durante anos com aquele momento e estavam realizando junto comigo. E foi lindo. Foi lindo olhar e ver as carinhas felizes, incrédulas e realizadas dos meus irmãos de sonho. Porque, naquele dia, eu dividi aquele momento com todos eles... Superando todas as minhas expectativas, porque TODOS estavam ali. Desde aquele com quem eu tinha brigado durante anos, até aquela que foi o primeiro e mais valioso presente que a Shakira me deu. Eu não sei nem explicar, só era lindo ver que, de uma forma ou de outra, quem estava ali merecia demais aquele momento.

Esse dia 19 de março de 2011 foi uma prova pra mim... Prova de resistência, de controle emocional, de cordas vocais, de condicionamento físico... Prova de que sonhos se realizam àqueles que merecem. Prova de que a Shakira existia mesmo, cheia de defeitos, frases ensaiadas, letras lidas, danças iguais, mas, ainda assim, a minha cantora. A minha cabrita... A minha Shakira.

Há dois anos eu parei de ter medo de nunca vê-la ao vivo e passei a fechar os olhos e lembrar que ela cantou olhando pra mim.

Faz dois anos que a simples memória desse show me faz chorar... É um choro de alegria, realização e saudade... Porque eu sei que, como aquele, nunca mais... Apesar de não ter sido de fato, foi ali que eu vi a Shakira pela primeira vez, foi ali que eu senti a Shakira pela primeira vez.

Hoje eu sou uma pessoa bem diferente do que eu era há dois anos, minhas prioridades mudaram, minha rotina mudou, minha cabeça mudou... Mas o sentimento está aqui guardado no meu coração e na minha memória... E eu sei que toda a vez que der saudade, é só lembrar que tudo isso vem à tona e toma conta das minhas glândulas lacrimais e dos meus pensamentos. É uma coisa tão intensa que, se eu fechar os olhos, me arrepio inteira e me sinto lá, naquele Morumbi lotado embaixo de chuva gritando ao som da voz que eu mais amo ouvir.

Hoje faz dois anos que eu guardei uma das melhores lembranças na minha caixinha de recordações... Quais lembranças você guardou na sua?

Peace and love,
Kah

Título: Não poderia deixar de ser... Nothing Else Matters, Metallica.

Foto: Da minha máquina... MINHA.

quarta-feira, 13 de março de 2013

always

Soneto de fidelidade (Vinícius de Moraes)

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento

Quero vive-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa lhe dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure

De tudo ao meu amor serei atento antes. Serei atento a cada sorriso, a cada palavra, a cada gesto e a cada horário repetido. Serei atento aos momentos, aos dias importantes, às necessidades, aos pedidos não ditos, aos desejos e sonhos. Atento aos planos que fazemos, às promessas que trocamos, às chuvas, às tempestades, às vezes que parece que o mundo vai acabar... Serei atento a cada música, buscando sempre uma frase que me lembre de você. Serei atento. Sempre.

De tudo ao meu amor serei atento antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto... Porque não quero nada menos do que cuidar desse amor com todo o carinho, com todo o cuidado, porque tenho o mundo a perder. E eu quero que seja para sempre, sempre.

De tudo ao meu amor serei atento antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto que mesmo em face do maior encanto dele se encante mais meu pensamento. Meu coração escolheu você. De todas as bilhões de pessoas que existem no mundo, de todas aquelas que cruzaram o meu caminho, foi você que eu vi. Foi você que me conquistou, que se colocou 24 horas por dia no meu pensamento e não saiu mais. Foi você quem fez as músicas fazerem sentido, foi você quem me mostrou que todos os clichês do amor não eram clichês. E mesmo em face do maior desencanto... Das dificuldades, das barreiras, das fobias, dos medos e leis, eu escolho você. Todos os dias ao levantar da cama, eu escolho você. Quando eu penso nos seus defeitos, eu escolho você. Quando eu olho pros lados, eu escolho você. E a cada nova dificuldade ultrapassada, de você se encanta mais meu pensamento. Sempre.

Quero vive-lo em cada vão momento. Às 06:06, 07:07, 08:08... E não só no vão momento, quero vive-lo nos momentos lotados também... Na correria do dia a dia, ou na preguiça do domingo à tarde. Quero vive-lo nos sonhos, mas senti-lo na pele. E em seu louvor hei de espalhar meu canto. O nosso canto, cada melodia e letra que se combinam e contam um pouquinho da nossa história. E falando em canto, hei de sonhar com o nosso canto. Sempre.

Quero vive-lo em cada vão momento e em seu louvor hei de espalhar meu canto e rir meu riso e derramar meu pranto. Porque o meu riso é (bem mais) feliz contigo... E meu pranto, aquele que você já secou tantas vezes, aquele com o qual você aprendeu a lidar com tanto carinho... Não prometo o fim do pranto, mas sei que com você ao meu lado é mais fácil... E eu estou aqui para você, ao seu pesar ou seu contentamento. À sua conquista e te ajudando a recolher os cacos na derrota. Aos momentos felizes, leves e fáceis, mas também aos de fundo do poço. É o que dizem, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença... E eu nem preciso de constituição ou um líder e uma plateia para prometer isso a você: estou aqui ao seu pesar ou seu contentamento. Sempre.

E assim, quando mais tarde me procure, quem sabe a morte, angústia de quem vive, quem sabe a solidão, fim de quem ama, eu possa lhe contar do amor (que tive). Porque se algum dia eu conheci o amor, foi você quem me mostrou. É você quem me ensina todos os dias que amar não é um verbo e nem “ferida que dói e não se sente”. Por você eu sinto o amor que existe, aquele que dói e se sente sim. Aquele que demanda tempo, que exige mudança. Por você eu tenho o amor. E eu não quero simplesmente contar a nossa história, eu quero vive-la e seguir contanto... Se eu soubesse cantar, seguiria cantando. Sempre.

Eu possa lhe contar do amor (que tive): que não seja imortal, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure. E muitas coisas sobre ele são infinitas... Infinitos são os meus sonhos e você faz parte de todos eles. Infinitos são os meus planos e você é quem constrói comigo todos os dias em direção a eles. É infinito esse sentimento que toma conta de mim toda a vez que eu penso em você. É infinita a saudade que eu sinto quando você tá longe. É infinito o bem que você me faz. O meu desejo é estar com você infinitas horas, porque todas as horas com você são infinitas. São infinitas em sorrisos, em companheirismo, em carinho... São algumas brigas, discussões, interpretações erradas... Mas essas coisas são finitas, porque infinita é a nossa vontade de crescer e compreender. Que o nosso amor não seja imortal, posto que é chama, mas que seja simplesmente infinito...

Porque o infinito... É sempre.

Peace and love,
Kah

sábado, 9 de março de 2013

Marvin, a vida é pra valer



Hoje foi um dia importante. Não, não foi aniversário de ninguém, também não é feriado, dia santo ou qualquer coisa parecida. Hoje foi um longo dia... Ele começou pra mim as dez para as seis da manhã, mas, na verdade, comecei a pensar nele muito antes disso... O dilema teve seu início quando eu descobri que o Osasco ia jogar contra o Campinas pela semifinal da Superliga no sábado, dia 9 de março de 2013 (aka hoje). Não precisa nem de muita explicação para que vocês entendam o motivo de eu ter ficado dividida, basta saber que nesse mesmo sábado, dia 9 de março de 2013, eu teria 6 aulas de manhã no cursinho e um simulado a tarde. E aí começou o drama...

Sem exagero, eu passei DIAS pensando no que seria certo, porque ao mesmo tempo em que ir ver o jogo me faria muito feliz, o fato de perder aula para ir vê-lo me faria mal. Ai eu comecei a perguntar pras pessoas o que elas achavam, porque né? Falei com a minha mãe, com a Ta, com a Loris, com a psicóloga e com o twitter. Cada pessoa teve uma opinião diferente, mas foi bom ouvi-las.

No final, ontem à noite eu ainda não tinha total certeza do que de fato eu IA fazer, mas eu já estava convencida do que eu DEVERIA fazer.

Pois bem, hoje foi um dia importante, porque eu escolhi a responsabilidade. E, por mais que ela tenha doído um pouquinho no começo, eu fiquei extremamente feliz comigo mesma. Me senti adulta, madura, responsável, focada... Ainda que eu não consiga olhar pra mim e ver uma pessoa adulta, madura, responsável e focada, hoje eu senti como se eu fosse... Sabe quando você era criança e fazia marquinhas na parede conforme crescia? Lembra do quanto você ficava feliz quando passava da última marquinha e fazia uma nova? Então... Foi bem isso, hoje eu senti como se tivesse feito uma nova marquinha na minha parede. E dessa vez eu cresci um MONTÃO! O equivalente a uns 10cm de altura, sério mesmo.

Fui pro cursinho, assisti às seis aulas. Ok, não sou de ferro, acompanhei o jogo via mensagens comentadas da Ta (obg minha coisa liiinda). Maaaaaaaaaas consegui focar nas aulas e no momento crítico do jogo eu estava fazendo exercícios de retas paralelas.

Hoje foi um dia importante. Hoje fiz uma escolha certa e madura. Quem diria, não? Eu mesma não acreditava que eu fosse capaz de fazer isso... Jogo do meu time vinha antes de qualquer coisa na minha vida, mas HOJE NÃO! Amanhã talvez, não hoje. Espero ter a sabedoria de dosar e não sofrer nem por deixar coisas que eu gosto de lado, nem por fazer coisas que eu gosto e deixar o estudo de lado.

Então é isso... VAI OSASCO, que sexta a noite não tem aula e eu vou pra Campinas torcer e gritar. Espero sambar na cara do sr. José Roberto Guimarães e de seu timinho de modo a eliminá-los da Superliga e ver meu Osasco chegar em mais uma final.

E a vida é assim... Horas Marvin que sustenta a família aos 13 anos, horas Marvin que chora e não bota os pés na escola... Horas adulta madura, horas osasquense retardada. Essas duas pessoas cabem em mim, essas duas pessoas somadas são quem eu sou.

Peace and love,
Kah

Título: música genial genial genial dos Titãs. Que na verdade não é propriamente
dos Titãs já que o Sérgio Brito e o Nando Reis fizeram uma versão da música Patches,
de um compositor norte americano chamado Dickey Lee.

Ps: eu já usei essa música como título de uma postagem aqui há ANOS... 
quem achar ganha... nada KKK quem achar achou e vai rir

sexta-feira, 8 de março de 2013

feliz dia internacional da luta da mulher

voce manda flores pra sua mulher uma vez por ano, que lindo! dia internacional da mulher, vc ate enche a boca pra falar do buquê de rosas e do chocolate em forma de coração que mandou pra ela.

amigo/a, para tudo. já te contaram que o dia nao é simplesmente "da mulher"? já te contaram que comercializaram o dia de hoje? já te contaram que o nome do dia 8 de março tem uma palavrinha MUITO importante que todo mundo esquece?

hoje é dia de LUTA, nao de flores e chocolates. ou voce da presente pros negros na Consciência Negra e chocolates pros índios no dia do Índio? não ne?

entao desculpa, nao quero flores, nao quero chocolates, nao quero parabéns e nem elogios. eu quero RESPEITO. eu quero atenção, visibilidade. eu quero o direito de ter os meus direitos. eu quero parar de ser cantada na rua, quero parar de ser "coisificada" na televisão. eu quero o fim do ideal de corpo que eu NUNCA vou ter. eu quero ser livre pra usar a roupa que eu quiser, pra eu beber o quanto eu quiser e voltar pra casa a hora que eu quiser, sem ter que me preocupar em ser estuprada.

há quem diga que sou indelicada quando digo que hoje, em especial, nao quero flores. mas é normal, já acostumei. como ja diria aquele brilhante texto, as feministas sao sempre muito chatas né?

me desculpem pela falta de acentos e letra maiúscula e tambem pela falta de link para o texto das feministas chatas... estou postando no horario de almoço do cursinho e do celular... entao perdão :)

Peace, love e LUTA

Kah

quinta-feira, 7 de março de 2013

where does everybody go when they go? they go so fast I don't think they know


Deixo aqui um texto que eu amo desde que li pela primeira vez, de um autor que eu amo desde que li pela primeira vez...

Recado ao Senhor 903 (Rubem Braga)

Vizinho,

Quem fala aqui é o homem do 1003. Recebi outro dia, consternado, a visita do zelador, que me mostrou a carta em que o senhor reclamava contra o barulho em meu apartamento. Recebi depois a sua própria visita pessoal - devia ser meia-noite - e a sua veemente reclamação verbal. Devo dizer que estou desolado com tudo isso, e lhe dou inteira razão. O regulamento do prédio é explícito e, se não o fosse, o senhor ainda teria ao seu lado a Lei e a Polícia. Quem trabalha o dia inteiro tem direito ao repouso noturno e é impossível repousar no 903 quando há vozes, passos e músicas no 1003. Ou melhor: é impossível ao 903 dormir quando o 1003 se agita; pois como não sei o seu nome nem o senhor sabe o meu, ficamos reduzidos a ser dois números, dois números empilhados entre dezenas de outros. Eu, 1003, me limito a Leste pelo 1005, a Oeste pelo 1001, ao Sul pelo Oceano Atlântico, ao Norte pelo 1004, ao alto pelo 1103 e embaixo pelo 903 - que é o senhor. Todos esses números são comportados e silenciosos; apenas eu e o Oceano Atlântico fazemos algum ruído e funcionamos fora dos horários civis; nós dois apenas nos agitamos e bramimos ao sabor da maré, dos ventos e da lua. Prometo sinceramente adotar, depois das 22 horas, de hoje em diante, um comportamento de manso lago azul. Prometo.
Quem vier à minha casa (perdão; ao meu número) será convidado a se retirar às 21:45, e explicarei: o 903 precisa repousar das 22 às 7 pois às 8:15 deve deixar o 783 para tomar o 109 que o levará até o 527 de outra rua, onde ele trabalha na sala 305. Nossa vida, vizinho, está toda numerada; e reconheço que ela só pode ser tolerável quando um número não incomoda outro número, mas o respeita, ficando dentro dos limites de seus algarismos. Peço-lhe desculpas - e prometo silêncio.
...Mas que me seja permitido sonhar com outra vida e outro mundo, em que um homem batesse à porta do outro e dissesse: "Vizinho, são três horas da manhã e ouvi música em tua casa. Aqui estou". E o outro respondesse: "Entra, vizinho, e come de meu pão e bebe de meu vinho. Aqui estamos todos a bailar e cantar, pois descobrimos que a vida é curta e a lua é bela".
E o homem trouxesse sua mulher, e os dois ficassem entre os amigos e amigas do vizinho entoando canções para agradecer a Deus o brilho das estrelas e o murmúrio da brisa nas árvores, e o dom da vida, e a amizade entre os humanos, e o amor e a paz. 

--
para pensar...

Peace and love,
Kah


Título: de Ave Mary A, uma música da P!nk

quarta-feira, 6 de março de 2013

"Como sabes que sou louca?" "Deve ser, ou não estarias aqui"



Pois bem, hoje foi o meu primeiro dia de aula no cursinho. E então você me pergunta: “cursinho? Mas você já não passou dessa fase?”. É, há um tempo eu diria que não só passei dessa fase, como nunca mais queria nem chegar perto de qualquer vestibular de novo. E aqui estou eu com cadernos novos a espera de milhões de anotações e exercícios. Aqui estou eu ouvindo instruções repetidas sobre método de estudo, organização, disciplina e garra. Aqui estou eu amando cada segundo da aula de biologia e agradecendo a Deus porque as de matemática ainda não começaram. Aqui estou eu... De novo e mais uma vez.

Quando eu paro pra pensar no que estou fazendo, a única coisa que me vem na cabeça é que sou louca. Total e completamente louca. E talvez eu seja mesmo, mas acreditem ou não, estou melhor agora do que na faculdade. Eu tenho muitos argumentos a favor da faculdade: o primeiro ano é chato mesmo, ninguém gosta de tudo da faculdade, poxa a Cásper Líbero é a melhor faculdade de jornalismo que tem, é uma oportunidade única... E poderia continuar. Acreditem, eu argumentei comigo mesma o ano passado inteiro e, honestamente, acho que seria fácil continuar lá fingindo que tudo o que aconteceu comigo da metade do ano passado pra cá teve outra razão de ser.

Hoje de manhã, quando eu peguei a minha mochila e saí de casa, eu chorei. Chorei como uma criança no primeiro dia de aula. Chorei não porque não queria ir, não por estar com medo ou insegura, mas porque eu sabia que, a partir do momento que eu entrasse pela porta do cursinho, eu estaria começando tudo de novo. TUDO. E a cada passo que eu dava em direção ao Anglo, eu sabia que estava cada vez mais perto de assumir o compromisso mais difícil de todos: fazer tudo de novo de uma forma diferente.

Sim, porque não foi fácil tomar essa decisão. Aliás, foi TUDO, menos fácil. Encarar a realidade e a verdade que sempre esteve dentro de mim foi um processo duro, chato e doloroso, muito doloroso. Retomando o que disse acima sobre estar louca, impressionantemente, quando eu sentei na cadeira do cursinho e olhei pros lados, me senti sã. Claro, sei do tamanho da responsabilidade que eu assumi, mas me senti alinhada com o universo. Como se eu finalmente estivesse encontrado o meu propósito. Não que estar naquela sala de aula cheia de “crianças” que provavelmente caíram ali direto do ensino médio, seja meu propósito, mas o processo começa exatamente nessa sala de aula. E não adianta brigar, todo mundo tem que passar por ali, principalmente quem quer entrar em uma das melhores universidades do país para fazer nada menos do que um dos cursos mais concorridos. E esse é o meu caso.

No passado, eu tentei burlar o processo, não funcionou, então eu tentei me enganar, dizer que aquilo não era pra mim. Quando me convenci disso (e demorou), fui lá, estudei mal e porcamente acreditando que estava dando tudo de mim e entrei em uma universidade achando que todos os meus problemas estariam resolvidos, afinal, vestibular nunca mais. Mas o curso que eu escolhi não me satisfez. Admiro o jornalismo em sua essência, acredito e defendo com unhas e dentes a “arte de sujar os sapatos”, gosto da teoria em comunicação, deliro até hoje só de pensar na hipótese de cobrir uma Olimpíada. Mas a realidade do jornalismo hoje não tem a ver com a minha. E eu posso dizer, pois estive lá. Estudei, ouvi, vivenciei e li muito... Muito. Não sei explicar direito, mas eu não me sentia no caminho de nada positivo, de nada que me fizesse crescer. Aliás, nada do que eu estava fazendo um tempo atrás me fazia crescer. E, seguindo o meu clichê, meu corpo pediu arrego e eu fui obrigada a parar tudo e rever.

Parei à força, revi, neguei até o último segundo as coisas que eu sabia que eram importantes pra mim. Lutei contra, fiz birra, bati o pé, gritei, chorei (e como chorei), mas achei o meu caminho. Se dessa vez é o certo, eu não tenho como saber... Mas se fosse uma questão simples de escolha, eu NUNCA na minha vida ia escolher o mais difícil. Falo isso sobre outra coisa também... Mas é a verdade... Porque se desse pra escolher, por que escolher o mais difícil? Acho que no meu caso, não deu pra fugir. Acredito que a gente vem ao mundo com uma missão e, quando a gente foge dela, ferrou. É destino sim, karma, sina, chamem como quiserem... Não dá pra fugir, porque, se isso acontece, vai ter sempre algo faltando dentro da gente. E vai faltar um algo que às vezes ninguém nem sabe o que é, mas vai doer. E, eu sei, essa dorzinha ácida vai corroendo, doendo, corroendo, doendo... E, quando você se olha no espelho, nem sabe mais quem é a pessoa que tá ali. Você não sabe mais no que acredita, em quais são seus princípios, seus gostos. Você se confunde e se engana tanto que já não sabe mais quem você é, não sabe mais qual é a sua verdade. E na boa, encontrar essa verdade de novo é foda, porque ela tá tão enterrada dentro da gente, que até chegar nela já saiu até barata voadora, mas ela não.

Enfim, chega de tagarelar... Hoje sinto como se tivesse no caminho da minha verdade. Como se esse caminho todo que eu vou precisar percorrer fizesse parte da minha missão no mundo. É aquela história, às vezes a gente foca tanto no lugar que quer chegar que se esquece de viver o caminho. E eu não tô dizendo que é fácil essa coisa de viver o caminho, porque não é, não mesmo. Mas quem foi que disse que viver ia ser fácil?

Peace and love,

Kah

Título: um diálogo entre Alice e o Gato, de Alice no País das Maravilhas.

domingo, 26 de agosto de 2012

Esta (não) é mais uma carta de amor


Um dia me disseram que meus olhos denunciam. E me disseram que quando eu olho pra você, boto pra fora tudo aquilo que talvez eu não consiga dizer (e nem mesmo escrever). É normal pra mim quando eu não consigo dizer algo, mas quando eu não consigo nem escrever... Aí é um problema. Porque acaba sendo algo tão grande, significativo e complexo que fica difícil até de sentir. Mas, pensando bem, seria um problema se eu não visse, nos seus olhos, a mesma coisa que veem nos meus. Essa coisa recíproca e sincronizada me acalma, me conforta... Tem uma música que diz “o seu olhar melhora, melhora o meu...” e eu acredito que seja isso que acontece... Não só com o meu olhar. Tudo em você me melhora, entende?

A verdade é que eu não tenho certeza de quase nada (quem é que tem certeza de alguma coisa nessa vida, me pergunto às vezes...) e até tenho medo de muitas coisas, mas é como diz aquela outra música “você me faz bem, quando chega perto com esse seu sorriso aberto”. E talvez seja um clichê horroroso, mas é o que acontece. E talvez tudo isso aqui seja um grande clichê... Mas não deixa de ser a maior e mais palpável das verdades.

Quando falavam pra mim de amor, eu tinha a mania de achar que ele tinha de ser direito, perfeito, bem arrumado, bem apessoado, limpinho, polido, encerado e brilhante. Mas hoje, com você, eu vejo que não é assim. Amar alguém é, muitas vezes, o contrário disso, daquilo e de tudo de uma vez. Antes, a minha cabeça dura me fazia pensar que abrir mão de certas coisas por alguém era errado, porque onde já se viu uma coisa dessas? Quem ama aceita o outro como é, não pede pra mudar... Mudar pra quê? Mas você me mostrou que não é assim. Com você aprendi que o amor exige sim que você aceite o outro como ele é... Mas exige mais que isso. Pra que dê certo, verdadeiramente certo, a gente precisa se moldar, abrir exceções, sincronizar valores e, muitas vezes, mudar perspectivas, mudar reações, mudar costumes e modo de vida. O amor pegou o meu mundo e o seu e colocou um dentro do outro, o outro dentro do um, sem se importar com o fato deles serem tão diferentes... Porque o amor quer que a gente crie o nosso mundo.

E eu gosto de acreditar que é exatamente o nosso mundo que estamos criando a cada segundo... Gosto de imaginar que ele tem músicas do seu mundo, letras do meu, cores do seu, piadas do meu. Mas que tenha também músicas do meu e letras do seu... Cores do meu e piadas do seu. Eu imagino nosso mundo um pouquinho maior a cada coisa nova que eu descubro sobre você, ou que você descobre sobre mim. E, de repente, ter paciência não parece tão difícil... Aquela música diz que “a gente espera do mundo e o mundo espera de nós um pouco mais de paciência...”, pois eu digo que nosso mundo deve ser criado com paciência mesmo... E bastante dela.

Porque é impossível construir um mundo todo com pressa... Né? E, diferente do Lenine que se pergunta se “temos esse tempo pra perder”, eu digo que nós temos todo o tempo do mundo. Porque é nosso mundo e é nosso tempo. Entende?

Obrigada pela disposição de construir nosso mundo. Não pense, nem por um segundo, que eu não percebo quantos tijolinhos você já carregou pra dentro dele. Tá ficando tão bonito aqui, não acha?

Peace and love,
Kah

Título: música do Jota Quest, O Que Eu Também Não Entendo
Músicas: O Seu Olhar, Arnaldo Antunes.
Tudo Certo, Luiza Possi.

Paciência, Lenine.